Resenha do livro A corda que sai do útero – Ana Suy

A corda que sai do útero

O livro A corda que sai do útero, de Ana Suy, é uma obra visceral e poética que mergulha nas ambivalências da maternidade. Com uma escrita sensível e densa, a autora transforma a experiência de ser mãe em uma reflexão profunda sobre a existência, a perda, o amor e o renascimento. A obra tem ganhado destaque por tratar a maternidade não como idealização, mas como experiência complexa e real, trazendo um olhar singular sobre o feminino.

A corda que sai do útero é mais que um livro sobre ser mãe: é um grito silencioso por espaço, por identidade e por reconhecimento da mulher para além do papel materno.


Sinopse de A corda que sai do útero

A corda que sai do útero é uma coletânea de textos e poemas que expõem, com coragem e poesia, os fragmentos da maternidade. Ana Suy compartilha sua trajetória desde o nascimento da filha, elaborando as perdas que vêm com cada transformação. Ser mãe, aqui, é também um processo de luto: da mulher que se era, da liberdade que se perde, da ilusão de completude.

O livro reflete sobre o corpo, o desejo, a maternidade real, os silêncios e os gritos que não se ouvem. Em um mundo que exige da mulher perfeição, Ana oferece palavras como refúgio e resistência. Sua escrita mistura poesia e psicanálise, revelando com profundidade os vazios que nos habitam e os fios que nos conectam.


Por que ler A corda que sai do útero?

1. Uma visão autêntica e crítica da maternidade

Ana Suy oferece um olhar corajoso sobre o que significa ser mãe, revelando suas dores e contradições. Trechos como “Ser mãe dói demais. Todas as mães precisam do direito fundamental de serem mulheres também” mostram o tom de denuncia e acolhimento da obra.

2. Poesia com densidade emocional

A autora consegue traduzir sentimentos complexos em palavras simples, tocando o leitor com versos que ecoam memórias e vivências. É um livro que emociona, provoca e transforma.

3. Leitura que conecta corpo, linguagem e desejo

Ao unir poesia e psicanálise, Ana cria um espaço textual onde o corpo feminino é linguagem, desejo e potência. Uma obra que fala com quem foi mãe, mas também com quem foi filha, e com quem deseja compreender as tramas do amor e da perda.


Destaques do livro A corda que sai do útero

  • Escrita intensa sobre maternidade, identidade e amor
  • Reflexões sobre o vazio, o corpo e a construção do feminino
  • Fala sobre paternidade de forma sensível
  • Integra poesia e psicanálise em linguagem acessível
  • Trechos marcantes:
    • “Menina, você pensa que útero é pra quê, pra fazer filho? Útero é pra te dar força”
    • “Parir um filho é dar à luz a um vazio (e outro e outro)”
    • “A corda que nos traz à vida rapidamente se transforma em acorda pra vida”

Frases do livro A corda que sai do útero

Direito fundamental

O que será que uma mãe faz, além de ser mãe? Ser mãe dói demais. Todas as mães precisam do direito fundamental de serem mulheres também.

Menina, você pensa que útero é pra quê, pra fazer filho? Útero é pra te dar força.

Vazio

O útero é um vazio só depois que alguém esteve lá. O nascimento de um filho é a inauguração de um (novo) vazio. Parir um filho é dar à luz a um vazio (e outro e outro).

Quanto mais inadvertida das ambivalências da maternidade uma mulher-mãe é, mais infeliz como mãe a mulher nela é.

Zona erógena

Minha barriga é uma zona erógena desde que abriga um vazio. Quanta vida ficou nela.

Um pai nasce

Eu não sei o que é mais bonito, se é se tornar mãe ou se é testemunhar o homem que se ama torna-se pai, por intermédio do próprio corpo.

A gente ama lá onde não sabe, pois saber e amar andam afastados. Amar tem mais de suportar não saber do que de saber, de fato.

Não cessar de desejar saber, mas amar o impossível que sempre escapa. Amar o impossível e não a ignorância.

A corda que nos traz à vida rapidamente se transforma em acorda pra vida, em a cor dar para a vida e em acordes para a vida – porque para viver é preciso encontrar um modo de dançar de acordo com a música de cada um.

A mãe da mãe

– Filha, penteia seu cabelo – disse docemente a mãe da recém-mãe, ainda na maternidade.

(Eu que cogitei fazer alongamento de cílios antes de parir.)


Sobre a autora Ana Suy

Ana Suy é psicanalista, professora universitária e pesquisadora. Tornou-se referência por unir psicanálise, literatura e reflexões sobre o amor, o feminino e a existência. Além de A corda que sai do útero, é autora de Amor, desejo e psicanálise, As cabanas que o amor faz em nós e Não pise no meu vazio, entre outros. Sua escrita mistura teoria e sensibilidade, provocando reflexões profundas sobre a condição humana.


Conclusão

A corda que sai do útero é um livro que vai além da experiência da maternidade. Ele toca em questões universais: a formação da identidade, o amor, o luto, o vazio e o renascimento. Ana Suy nos convida a pensar sobre o que nos liga e nos separa, sobre os fios invisíveis que tecem nossa existência. Uma leitura para quem deseja sentir, pensar e, sobretudo, respirar por inteiro.


Título: A corda que sai do útero
Autora: Ana Suy
Editora: Planeta
Páginas: 144

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