Água viva: Edição comemorativa

Título: Água viva: Edição comemorativa
Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Páginas: 96
Ano de lançamento: 2020

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Sinopse do livro Água viva: Edição comemorativa

Desde seus primeiros textos Clarice Lispector anuncia um brilhante projeto literário. Água viva, publicado em 1973, adensa o processo característico de sua narrativa, enfatizando-lhe a fragmentação, a contaminação do romanesco com o lírico e o abrandamento das linhas descritivas e representacionais, recursos menos acentuados em outras de suas obras, anteriores e posteriores.

A trama do livro é tênue, o que faz dele “um romance sem romance”. Um eu, declinado no feminino, escreve a um tu, no masculino, expondo suas ânsias e procuras, num discurso de fluidez ininterrupta entre o delírio, a confissão e a sedução: “Para te escrever eu antes me perfumo toda. Eu te conheço todo por te viver toda.” O eu e o tu de Água viva ganham dimensões permutáveis de significação, integrando-se com o não humano: a natureza, as palavras, os animais, a “coisa” ou o “it”. A linguagem se espessa numa densa selva de palavras e a obra descortina voraz processo de correspondências que interconectam vida, paixão e violência.

Obsessivamente, a protagonista de Água viva busca surpreender as intrincadas relações entre o instante fugidio e sua inscrição no espaço. Sem nome, escondida sob o pronome eu, a personagem procura entender o significado da solidão e o de seu estar no mundo, no desencadear dos instantes que prefiguram um presente contínuo onde os limites cada vez mais esgarçados entre o que é interior e exterior à personagem desaparecem. Nesse lugar “enfeitiçado”, em linguagem incandescente, escreve Clarice Lispector Seu texto faz fluir o sentimento de agora e, paradoxalmente, interliga a petrificação e a mudança.

Água viva é um lindo poema em prosa, no qual se comemora a vida de tudo o que, intensamente, é. Sem receitas para decodificar o mundo enfeitiçado da incitante narrativa, o leitor toma consciência de que já não dispõe de modelos para ler, nem para entender Clarice Lispector.

Uma escritora decidida a desvendar as profundezas da alma. Essa é Clarice Lispector, que escolheu a literatura como bússola em sua busca pela essência humana. Sua tentativa de transcender o cotidiano revela-se em personagens na iminência de um milagre, uma explosão ou uma singela descoberta. Todos suscetíveis aos acontecimentos do dia a dia.

Vidas que se perdem e se encontram em labirintos formados por uma linguagem única, meticulosamente estruturada. E é por essa linguagem que Clarice Lispector constrói uma obra de caráter tão profundo quanto universal.

Água viva: Edição comemorativa
Clarice Lispector

Frases do livro Água viva: Edição comemorativa

Tenho um pouco de medo: medo ainda de me entregar pois o próximo instante é o desconhecido.

Estou num estado muito novo e verdadeiro, curioso de si mesmo, tão atraente e pessoal a ponto de não poder pintá-lo ou escrevê-lo.

Esta é a vida vista pela vida. Posso não ter sentido mas é a mesma falta de sentido que tem a veia que pulsa.

Liberdade? é o meu último refúgio, forcei-me à liberdade e aguento-a não como um dom mas como heroísmo: sou heroicamente livre. E quero o fluxo.

Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca. E tudo isso ganhei ao deixar de te amar.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.

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