O Nariz
Título: O Nariz
Autor: Nicolai Gógol
Editora: Antofágica
Páginas: 160
Ano de lançamento: 2022
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Sinopse do livro O Nariz
Em uma manhã como qualquer outra, um barbeiro, conhecido pela quantidade de sangue que faz jorrar do rosto de sua clientela, toma seu café da manhã. Ao afundar a faca sobre um pão recém-assado, encontra um ingrediente que não estava na receita: um nariz. Do outro lado da cidade, seu cliente, o assessor colegial Kovaliov, acorda e dá de cara com uma panqueca. Não em seu prato, infelizmente — trata-se de seu próprio rosto no espelho, liso como uma massa corrida, carente de qualquer resquício de um nariz. Publicado em 1836, este conto reúne o que há de mais marcante na escrita de Nikolai Gógol: a comédia, a cultura popular, a sátira política e a crítica à burocracia. A insólita história de um duplo, permeada pelo fantástico, absurdo e pelo grotesco, tem como cenário a fria e burocrática cidade de São Petersburgo.
Nikolai Gógol, embora nascido na Ucrânia em 1809, é considerado um dos principais nomes da literatura de expressão russa. Inovou ao escrever sobre temas até então considerados impróprios para os livros, recheando seus textos de comédia e crítica social, fato responsável por envolvê-lo em muitas polêmicas. Autor de contos, romances e peças teatrais, foi aclamado pela crítica e ganhou amplo reconhecimento ainda em vida. Entre suas principais obras, estão o romance Almas mortas e os contos “O nariz”, “O capote” e “Diário de um louco”.
Frases do livro O Nariz
Afinal de contas, a vida não é justamente esse constante acaso em que tudo, por mais inacreditável que seja, pode acontecer?
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Ivan Iákovlevitch, como qualquer artesão russo digno, era um bêbado terrível.
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Ele podia perdoar tudo que dissessem dele mesmo, mas não perdoava de jeito nenhum que se referissem à patente ou ao título.
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Mas no mundo não há nada que dure muito, e, por isso, até mesmo a alegria, logo no minuto seguinte, já não é mais tão vívida; no terceiro minuto, ela se torna ainda mais fraca e, por fim, dilui-se, de maneira imperceptível, num estado de espírito comum, como um círculo na água, gerado pela queda de uma pedrinha, que finalmente se dissolve na superfície plana.
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Nikolai Vassiliévitch Gogol é considerado, ao lado de Aleksandr Púchkin, um dos fundadores da literatura russa.
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A carnavalização, portanto, é a concepção de um momento em que aqueles que são marginalizados podem apropriar-se do centro simbólico e, dessa maneira, tornam-se o centro, ainda que apenas por alguns dias. Muitos autores, como Gógol, lançam mão desse recurso: se aqui temos um nariz, parte do rosto de alguém, que rapidamente ascende na hierarquia pública e ultrapassa seu dono, estamos diante de uma situação carnavalizada, afinal a parte torna-se mais importante que o todo, e a inversão de papéis colabora para ampliar a sensação de absurdo que permeia a narrativa.
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Não se deve culpar o espelho se a cara é torta. Sobra-nos, então, a risada insubordinada.