Resenha do livro As cabanas que o amor faz em nós

As cabanas que o amor faz em nós

O livro As cabanas que o amor faz em nós, de Ana Suy, é uma obra que transita entre a poesia, a psicanálise e a prosa reflexiva com uma sensibilidade rara. A autora, que também é psicanalista e professora, explora as diferentes formas de amor e suas inevitáveis ausências, construindo um texto que abraça as fragilidades humanas e transforma a dor em linguagem. Usando a palavra como instrumento de análise e afeto, Ana Suy nos conduz por caminhos internos onde o amor deixa marcas, constrói cabanas e, por vezes, se despede sem aviso.

Com uma linguagem poética e filosófica, As cabanas que o amor faz em nós é uma leitura que toca fundo, especialmente em leitores que já viveram o descompasso entre amor e desejo. O livro consolida Ana Suy como uma das vozes mais marcantes da nova literatura brasileira que dialoga com a psicanálise sem abrir mão da beleza literária.


Sinopse de As cabanas que o amor faz em nós

Em As cabanas que o amor faz em nós, Ana Suy constrói uma coletânea de textos curtos que orbitam o amor em suas múltiplas expressões: o encontro, o desencontro, a saudade, a dor, a ausência, a idealização, a perda e o recomeço. O livro, que mistura prosa e poesia, nos leva a refletir sobre as relações afetivas de forma crítica, sensível e profunda.

Não se trata de um tratado teórico nem de um romance tradicional. Trata-se de uma escrita que se apropria da liberdade poética para analisar as contradições do amor, abrindo espaço para o leitor se ver em cada pedaço de texto. A escrita, como dizem os psicanalistas que prefaciam a obra, é um “brainstorm do verdadeiro amor” – esse amor que também é impossível.


Por que ler As cabanas que o amor faz em nós?

1. Uma abordagem única do amor

Ana Suy fala de amor com a profundidade de uma pesquisadora e a delicadeza de uma poeta. Seus textos não entregam respostas fáceis, mas instigam perguntas poderosas. O amor, para ela, é aquilo que resta depois do fim, é o que permanece mesmo quando já acabou.

2. Conexão emocional e existencial

A autora toca em pontos sensíveis da existência humana, como o abandono, a saudade e a dificuldade de se despedir. Trechos como “Oh, Deus, dai-me coragem pra pôr um ponto final naquilo que já acabou” demonstram sua capacidade de traduzir sentimentos universais em palavras.

3. Leitura fluida, profunda e acessível

Apesar da densidade dos temas, Ana Suy escreve com clareza e emoção. Seus textos podem ser lidos aos poucos ou de uma vez só, mas sempre deixam marcas. Leitores que apreciam obras como A gente mira no amor e acerta na solidão ou Não pise no meu vazio vão encontrar neste livro uma continuidade coerente e ainda mais lapidada.


Destaques do livro As cabanas que o amor faz em nós

  • Mistura de prosa poética e reflexão psicanalítica
  • Frases que traduzem dores silenciosas e afetos profundos
  • Leitura indicada para quem já amou, perdeu, ficou e recomeçou
  • Destaques como:
    • “Talvez amar seja como se perder de si mesmo e esquecer de propósito o caminho de volta”
    • “O mundo não passa de uma sucessão de fantasias onde a gente faz as pessoas caberem nas nossas”
    • “Porque amor é quando mesmo depois do amor ainda há amor”

Frases do livro As cabanas que o amor faz em nós

Amor não é coisa que se peça, por isso peço essas outras coisas todas, mas se você acreditar que quando eu te peço pão, vinho e tulipa azul, eu estou mesmo te pedindo pão, vinho e tulipa azul, então me terá sempre insatisfeita.

Sinto saudades de não lhe sentir, sinto saudades de sentir saudades, sinto muito por já não sentir tanto.

Você já sentiu que a única pessoa que poderia te resgatar do abismo era justamente aquela que cavou o abismo em você e te empurrou para lá?

Você já evitou sair do abismo, por fazer da tristeza um lar, por preferir o quentinho de um sofrimento conhecido à possibilidade de uma alegria inesperada?

Você já parou de evitar a vida porque percebeu que quando se evita a vida o que se encontra é a morte, e que não faz sentido viver morto?

Oh, Deus, dai-me coragem pra pôr um ponto final naquilo que já acabou, porque eu tô cansada de maquiar pontos finais pra fingir que são reticências…

O mundo não passa de uma sucessão de fantasias onde a gente faz as pessoas caberem nas nossas e se encaixa nas delas.

Talvez amar seja como se perder de si mesmo e esquecer de propósito o caminho de volta.

Amor-tecidos

Deviam vender o tecido da sua pele por aí. Eu compraria muitos metros, levaria para a costureira e mandaria fazer: um vestido, um lençol, uma fronha, um pijama. Pensando bem, eu renovaria todo o meu guarda-roupa.

Porque amor é quando mesmo depois do amor ainda há amor. Amor é quando depois do amor o que resta é a capacidade de amar.

Quem sabe

Que quando o outro diz NÃO a gente não se desintegra, que diante do desamor o mundo continua girando, que quando se desconstrói um ideal é que a vida acontece, vive mais leve.


Sobre a autora Ana Suy

Ana Suy é psicanalista, professora universitária e pesquisadora das relações humanas, com foco no amor, desejo e subjetividade. Autora de livros como Amor, desejo e psicanálise, A corda que sai do útero e Não pise no meu vazio, tem conquistado um público fiel com sua linguagem afetiva e profunda. Em As cabanas que o amor faz em nós, reafirma sua habilidade de atravessar as fronteiras entre ciência e poesia, oferecendo uma literatura que acolhe e questiona.


Conclusão

As cabanas que o amor faz em nós é um livro sobre o amor em seu estado mais cru, mais sensível e mais real. Uma leitura que combina emoção e intelecto, ideal para quem busca compreender o afeto para além dos clichês. Ana Suy nos mostra que amar também é perder, mas que mesmo nas ruínas, cabanas podem ser construídas.

Para quem busca autoconhecimento, acolhimento e uma escrita que toca fundo, este livro é um abrigo temporário para corações em reconstrução.


Título: As cabanas que o amor faz em nós
Autora: Ana Suy
Editora: Planeta
Páginas: 272

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